EO

sinopse

O mundo é um lugar misterioso quando visto pelos olhos de um animal. EO, um burro cinza com olhos melancólicos, conhece pessoas boas e más ao longo do caminho. Após deixar o circo, percorre da Polônia até à Itália, experimenta alegria e dor, transforma sua sorte em desastre e seu desespero em uma inesperada felicidade. Mas nem por um momento ele perde sua inocência.

Uma homenagem do veterano diretor polonês Jerzy Skolimowski ao filme Au Hasard Balthazar (1966) de Robert Bresson.

ficha técnica

Direção: Jerzy Skolimowski
Roteiro: Ewa Piaskowska, Jerzy Skolimowski
Produção: Ewa Piaskowska, Jerzy Skolimowski
Fotografia: Michal Dymek
Montagem: Agnieszka Glinska
Música: Pawel Mykietyn
Elenco: Sandra Drzymalska, Mateusz Kosciukiewicz, Lorenzo Zurzolo, Isabelle Huppert, Tomasz Organek.
Prêmios: Cannes (2022) - Prêmio do Júri |Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional
Classificação indicativa: 14 anos

sobre o diretor

Jerzy Skolimowski nasceu em 1938, em Lódz, na Polônia. Cineasta, roteirista, poeta, dramaturgo, pintor e ator, Skolimowski se formou em Etnologia, Literatura e História na Universidade de Varsóvia em 1959; em 1962 se graduou em direção na Lódz Film Academy. Dirigiu 19 longas nos últimos 63 anos de carreira. Recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo filme Le Départ em 1967; e o Grande Prémio do Júri do Festival de Cannes por The Shout, em 1978. Em 1982, com Moonlighting (Vivendo Cada Momento), protagonizado por Jeremy Irons, venceu o Prêmio de Melhor Roteiro em Cannes. Em 2008, ano que marca o seu retorno à realização depois de 17 anos, Skolimowski apresentou Quatro Noites com Anna (Cztery noce z Anna) na Quinzena dos Realizadores, do Festival de Cannes. Em 2011, com Essential Killing, protagonizado por Vincent Gallo, venceu o Grande Prêmio do Júri na Mostra de Veneza. Com EO, lançado em Cannes em 2022, recebeu o Prêmio do Júri e é indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional.

+ info

EO por Jerzy Skolimowski

A inspiração para EO

“Há décadas atrás, eu disse em uma entrevista (acho que foi para a Cahiers du Cinéma) que o único filme que me levou às lágrimas foi Au Hasard Balthazar (1966). Acho que o descobri logo após seu lançamento. Desde então, não derramei uma única lágrima no cinema. Assim, o que devo a Robert Bresson é ter adquirido a forte convicção de que fazer de um animal um personagem do filme não apenas é possível como pode ser uma fonte de emoção. ”

Sobre os burros e como trabalhar com os animais

 “Os diretores usam argumentos intelectuais e linguagem emocional para provocar os atores a produzir o efeito desejado. Com o meu burro, a única forma de o persuadir a fazer qualquer coisa era com ternura: palavras sussurradas ao seu ouvido e algumas carícias amigas. Levantar a voz, mostrar impaciência ou nervosismo teria sido o caminho mais rápido para o desastre.”

"A principal diferença (do trabalho com atores) é que os burros não sabem o que é 'atuar', eles não podem fingir nada, eles simplesmente são. Eles são gentis, atenciosos, respeitosos, educados e leais. Eles vivem ao máximo o momento presente. Eles nunca mostram narcisismo. Eles não economizam nas supostas intenções de seu personagem; e nunca discutem a visão de seu diretor. Eles são excelentes atores.”

“Quando vi as fotos dos burros disponíveis, gostei imediatamente dos burros da raça sarda (uma raça típica da ilha da Sardenha, na Itália). Eu sabia que EO devia ser cinza com manchas brancas ao redor dos olhos. Fui a um estábulo perto de Varsóvia para visitar o animal que mais me hipnotizou nas fotos. Seu nome era Tako. Assim que o vi, soube que ele seria a estrela do filme." (...) “Usamos seis burros no total: Tako, Hola, Marietta, Ettore, Rocco e Mela.”

 “Os burros têm uma natureza surpreendentemente idiossincrática. Cada um que empregamos tinha um caráter muito diferente, o que tornava a execução de cada tomada bastante imprevisível. Era como tentar resolver um quebra-cabeça todos os dias; tentando descobrir o que cada burro gosta, ou odeia, teme ou adora. Às vezes, algo bastante inócuo, como um cabo deixado no chão, se torna um obstáculo intransponível para eles. E, por outro lado, algo que pensávamos que os assustaria, como uma cachoeira jorrando de uma enorme represa, acabou não sendo um problema.

“O estereótipo mais comum sobre os burros, o de que são teimosos, é verdade. Às vezes era mais fácil reorganizar uma cena, ou um movimento de câmera tão planejado, do que tentar convencer o burro a fazer algo que não queria fazer”.

 Sobre EO

EO procura fugir de um mundo hostil? “Eu não diria 'fugir' acho que não é a palavra certa. Diria 'evitar'. Tento evitar participar do ambiente da banalidade, da injustiça, da violência dos dramas humanos, para olhar o mundo de uma forma mais ampla e de um ponto de vista diferente”.

“Em nosso mundo cínico e implacável, a inocência pode passar por ingenuidade ou pode ser considerada um sinal de fraqueza. Mas ainda me esforço para cultivar o que resta da inocência que tenho em mim.”

filmografia

2022 | EO
2015 | 11 Minutes
2010 | Essential Killing
2008 | Four Nights with Anna (Cztery noce z Anną)
1991 | Ferdydurke (30 Door Key)
1989 | Torrents of Spring
1985 |The Lightship
1984 | Success Is the Best Revenge
1982 |Moonlighting
1981 | Hands Up! (Ręce do góry)
1978 | The Shout
1972 | King, Queen, Knave
1970 | The Adventures of Gerard
1970 | Deep End
1968 | Dialóg 20-40-60 (episódio "The Twenty-Year-Olds")
1967 | Le départ (The Departure)
1966 | Barrier (Bariera)
1965 | Identification Marks: None (Rysopis)
1965 | Walkover (Walkower)

Curtas

1961 | Boxing (Boks)
Your Money or Your Life (Pieniądze albo życie)
Rzezba
The Nude (Akt)
Druga Taryfa

1960 | Little Hamlet (Hamles)
The Menacing Eye (Oko wykol)
Erotique (Erotyk)

festivais

2022 | Festival de Cannes - Prêmio do Júri
2023 | 95ª Oscars - Indicado a Melhor Filme Internacional