Asako e Baku vivem um romance intenso e avassalador, porém, certo dia, o temperamental Baku desaparece. Dois anos mais tarde, depois de se mudar de Osaka para Tóquio, Asako encontra o duplo perfeito de Baku. Ryusuke Hamaguchi, que já havia atraído atenção em 2015, com um filme de mais de cinco horas intitulado Happy Hour, retorna com esta obra, baseada em um livro da escritora Tomoka Shibasaki, para traçar a trajetória de um amor, ou, para ser exato, dois amores, encontrados, perdidos, deslocados e recuperados.
Roteiro: Sachiko Tanaka, Ryusuke Hamaguchi (Baseado no livro Netemo Sametemo de Tomoka Shibasaki)
Fotografia: Yasuyuki Sasaki
Montagem: Azusa Yamazaki
Som: Mikisuke Shimazu
Música: Tofubeats
Produção: Yuji Sadai, Teruhisa Yamamoto, Yasuhiko Hattori
Elenco: Masahiro Higashide, Erika Karata, Koji Seto, Rio Yamashita, Sairi Ito, Daichi Watanabe
Título original: Netemo Sametemo
Classificação indicativa: 12 anos
Ryusuke Hamaguchi nasceu em Kanagawa, em 1978, no Japão. Passion(2008), filme apresentado como trabalho de conclusão no Curso de Pós-Graduação em Cinema e Novas Mídias da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Tóquio, foi bem recebido no Festival de San Sebastian e no FILMeX de Tóquio em 2008. Desde então, Hamaguchi passou a trabalhar com cinema, tendo realizado, entre outros, uma coprodução entre o Japão e a Coreia, The Depths; uma série de documentários sobre o nordeste do Japão, produzida entre 2011 a 2013 e codirigida por Ko Sakai; e o filme Touching the Skin of Eeriness(2013). Seu próximo filme seria Happy Hour, que começou a ser elaborado enquanto Hamaguchi participava de um programa de residência artística no KIITO Design and Creative Center, em Kobe, no Japão, em 2013. Esse trabalho surgiu a partir de uma oficina de improvisação teatral organizada por ele para não profissionais, a qual contou com a participação de vários atores do filme. As quatro protagonistas compartilharam o prêmio de melhor atriz e o roteiro recebeu o prêmio de Menção Especial no Festival de Locarno em 2015.
Lançamento: 20 de dezembro de 2018
Disponível no Looke
Na imprensa:
Uma mulher e dois homens discutem a relação em Asako I & II - por Luiz Carlos Merten, no Estadão
'Asako I e II' mostra devaneio de perda súbita sem motivação clara - por Cássio Starling Carlos, na Folha
Uma fábula de amor perdido, que recorre às convenções do cinema de gênero e um relato detalhado da vida cotidiana - por Simone Zuccolotto, no O Globo
Asako i & II, o amor, o tempo e dois filmes em um - na Istoé
Asako I & II soa como um romance despretensioso e de tom mundano, mas surpreende ao lançar reflexões muito duras a respeito do amor - por Bruno dos Reis, no Plano Crítico
ASAKO I & II por Ryusuke Hamaguchi*
“Certo dia, o primeiro amor de Asako desaparece de repente. Dois anos depois, ela encontra seu duplo perfeito. Pessoalmente não conheço nenhum outro romance, além de “Netemo Sametemo” (o qual deu origem a ASAKO I & II) que descreva de maneira tão verdadeiramente convincente como o ato de se apaixonar é uma força mística que se assemelha tanto à magia quanto a uma maldição. Ao terminar de ler o romance, me ofereci pessoalmente para produzir um filme baseado nele. Quando isso felizmente se tornou realidade, acreditei, de fato que tinha conseguido chegar o mais próximo possível do estilo original da autora, Tonoka Shibasaki. Ou seja, tornar possível uma coexistência entre a minuciosa descrição da vida cotidiana e o súbito desdobramento de eventos absurdos. O personagem de Baku/Ryohei pode ser pensado como um símbolo dos elementos que representam o inesperado versus a rotina. Acho que conseguimos incorporar esse princípio ao filme graças à atuação de Masahiro Higashide, que possui a natureza dupla tanto da adequada aparência exterior (beleza natural e mistério), quanto das qualidades interiores necessárias (gentileza, honestidade).
Este filme retrata um período de cerca de 10 anos, portanto, escrevê-lo nos dias de hoje tornou natural a inclusão de eventos tais como a catástrofe do terremoto. Realmente acho que isso foi essencial para uma obra que descreve essa mistura do cotidiano com o extraordinário. Atualmente, a rotina em que vivemos é simplesmente o “cotidiano” pós-catástrofe; catástrofe essa que torna clara a seguinte verdade básica: “hoje é um dia completamente diferente de ontem”. Isso levado ao pé da letra, nos tornaria, de modo geral, incapazes de vivenciar a sensação de “cotidiano”. Entretanto, a sociedade do Japão insistiu teimosamente na realidade ficcional segundo a qual a "rotina" continua como de costume e "ontem foi mais ou menos como hoje e amanhã também poderá ser como hoje". Isso se dá, certamente, porque no Japão ninguém suportaria um mundo sem “cotidiano”. Para começar, não podemos separar claramente o "normal" do "extraordinário". As pessoas se perguntam se são capazes de conduzir suas vidas de maneira completa sem saber o que acontecerá amanhã. Os amantes de ASAKO I & II vivem exatamente essa mesma questão.”
“Gosto profundamente do romance de Tomoka Shibasaki, o qual, para mim, apresenta duas questões principais: a estranheza de uma mulher que se apaixona por dois homens com o mesmo rosto e a cuidadosa descrição da vida cotidiana. O longo processo de desenvolvimento do projeto me fez pensar se a adaptação do filme era mesmo possível. Somente quando encontrei Masahiro Higashide (Baku/Ryohei) e Erika Karata (Asako) senti que o romance estava finalmente pronto para ser adaptado. Realmente sinto que esta integração entre o romance e o elenco é um enorme sinal de sorte. ”
“Os personagens derivam diretamente do romance. Baku é um espírito livre, enquanto Ryohei é mais convencional; não sei se existe um japonês comum, mas ele se parece mais com esse tipo. Asako se sente atraída por Baku, mas também por Ryohei, que tem exatamente o mesmo rosto de seu primeiro amor. Quando escrevi os personagens, pensei em diferenciar a língua. Higashide é Higashide, não importa o que aconteça. Acho que se as palavras que usamos são diferentes, passamos a usar nosso corpo de maneira diferente também; dito de forma simples, Ryohei fala kansai-ben [dialeto da região de Kansai] e Baku fala hyojun-go [língua oficial "padrão"]. Portanto, como um falante de kansai-ben, Ryohei é um tipo alegre e de mente aberta, enquanto Baku guarda as coisas para si mesmo. Espero que esse uso da linguagem naturalmente divida a atuação do Sr. Higashide”.
*Extraído do material de divulgação do filme
2015 | Happy Hour
2013 | Storytellers (documentário) | Touching The Skin Of Eeriness
2012 | The Sound Of Waves (documentário) | Intimacies
2010 | The Depths
2008 | Passion
2007 | Solaris
Cannes 2018 (Competição)
San Sebastian (2018)
Toronto Film Festival (2018)