Vitalina Varela

um filme de Pedro Costa

124 min., 2019, Portugal, DCP

sinopse

Vitalina Varela, 55 anos, cabo-verdiana, chega a Portugal três dias depois do funeral do marido. Há mais de 25 anos que Vitalina esperava o seu bilhete de avião.

ficha técnica

Roteiro: Pedro Costa, Vitalina Varela
Fotografia: Leonardo Simões
Montagem: João Dias, Vítor Carvalho
Som: João Gazua
Produção: Abel Ribeiro Chaves
Elenco: Vitalina Varela, Ventura, Manuel Tavares Almeida, Francisco Brito, Imídio Monteiro, Marina Alves Domingues
Classificação indicativa: 12 anos
Lançamento: 14 de abril 2022

sobre o diretor

Nascido em Lisboa, Pedro Costa abandona os estudos de História para frequentar as aulas de António Reis na Escola Superior de Cinema.Seu primeiro longa-metragem, "O sangue", teve sua estreia no Festival de Veneza em 1989. "Casa de lava", seu segundo trabalho, rodado em Cabo Verde, foi selecionado para o Festival de Cannes em 1994. Entre seus outros filmes estão "No quarto da Vanda", "Onde jaz o teu sorriso?", sobre o trabalho de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub, e "Ne change rien" com a atriz e cantora Jeanne Balibar. "Cavalo Dinheiro" recebeu o Leopardo de Prata para Melhor Direção no Festival de Locarno em 2014. 

+ info

Vitalina Varela, os fatos

*extraído do site da produtora OPTEC Filmes

Vitalina Varela passou toda a sua vida a trabalhar a terra nas montanhas da Ilha de Santiago. Era a mais nova de oito irmãos e irmãs e casou-se com seu primeiro amor, Joaquim, um menino da mesma aldeia, da Figueira das Naus.

Tal como a maioria dos jovens cabo-verdianos, Joaquim deixou o seu país, em 1977, com a promessa de trabalhar como pedreiro. Como todas as meninas cabo-verdianas, Vitalina permaneceu, esperando e desejando uma vida feliz. Com o seu primeiro dinheiro economizado, Joaquim compra um barraco de tijolos e pratos no bairro da Cova da Moura, nos arredores de Lisboa.

Ele escreve uma ou duas cartas para Vitalina e chama-a por telefone uma vez a prometer uma passagem de avião para juntar-se a ele em Portugal. Em 35 anos, Joaquim só visita Cabo Verde duas vezes. Durante a sua primeira estadia, Joaquim e Vitalina começam a construir uma casa perto da capela da sua aldeia natal. Durante a segunda viagem, assim que chega, alega que precisa ir ver um primo e apanha o primeiro avião de volta a Lisboa. Esta foi a última vez que Vitalina o viu. Ele nunca mais escreveu ou ligou novamente. Nesta última visita, Vitalina engravidou-se de um menino, Bruno, que Joaquim nunca conhecerá. Vitalina e Joaquim já tinham uma filha, Jessica, nascida em 1996.

Quase todas as noites os vizinhos viam Joaquim vagando e  tropeçando nos becos escuros da Cova da Moura. Há rumores de que ele esfaqueou um companheiro de pedreiro numa briga por algum negócio obscuro. Ele sente falta do trabalho, seus colegas perdem o rastro, batem na porta, mas ele nunca responde. Ele morre em 23 de junho de 2013 e foi enterrado no dia 27.

Vitalina chega a Portugal no dia 30. Ninguém a conhece na vizinhança, ninguém a conforta, todo mundo olha desconfiado. Vitalina passa incontáveis ??dias e noites trancada no barraco de Joaquim. Ela mal sobrevive a dor e os pesadelos. Alguns meses se passam e ela consegue encontrar um ou dois empregos como faxineira. Numa mansão da alta sociedade, eles a demitem sem pagamento. Ela é contratada para limpar as lojas da Zara num shopping gigante. Ela recebe 5 € por hora.

Certa manhã, alguém bate em sua porta: ela tem medo de que seja a polícia ou os funcionários da imigração. Era Pedro Costa, procurando uma casa para filmar uma cena para o filme Cavalo Dinheiro.


Vitalina dos Espíritos (ou como Pedro Costa sobressaltou o Festival de Locarno) - Público
Pedro Costa a trabalhar, outra vez, como mais ninguém no cinema contemporâneo trabalha, com a sua habitual combinação de minúcia diabolicamente precisa (na expressividade pictural dos enquadramentos, das fontes de luz, de cada plano, de cada momento) e de depuração radical até nada mais restar a não ser uma essência. Uma essência que, graças a Vitalina, traz uma nova intensidade ao seu cinema.

Locarno dá o Leopardo de Ouro a Pedro Costa e o prémio de melhor actriz à sua Vitalina Varela - Público
Segundo Pedro Costa, em declarações a Mauro Donzelli, da organização, “este filme pertence a Vitalina”: “Ela é uma força da natureza, do passado e do presente e também do nosso futuro.” 

Vitalina Varela, a crítica internacional (quase) a seus pés - Público
A reacção internacional dos críticos a Vitalina Varela tem, genericamente, dois traços em comum: os elogios rasgados e os aparentemente inevitáveis preâmbulos sobre a artesania do cinema de Pedro Costa e o seu parentesco ferrenho com as artes visuais e do espaço, da pintura à arquitectura, e sobre a própria natureza do cinema. 

Vitalina Varela ensina-nos que o cinema vai muito além da tela - Gerador
Vitalina Varela, para quem o presente em Portugal nem sempre parecia risonho, leva tantas outras histórias como a sua para a tela. E a certeza que fica é clara: o cinema pode ir muito além da tela, transbordando dela para quem o faz e quem o recebe.

Locarno. O testemunho de amor de Vitalina Varela - Jornal I
Os caminhos trilhados pela comunidade cabo-verdiana, personificada pela história de Vitalina Varela, aqui mulher, não atriz, são aqueles para os quais Pedro Costa quer chamar a atenção. “Não estou a fazer documentários de entrevistas televisivas. Estamos a tentar fazer algo um pouco mais épico”, disse o cineasta em declarações publicadas na página do festival suíço, acrescentando que quer que a comunidade “seja protegida pelo cinema”.

«Vitalina Varela» por Hugo Gomes - C7nema
Pedro Costa conseguiu o seu filme mais calculado e como tal o mais belo e apaixonado. A partir daqui é só aguardar impacientemente pelas novas oferendas que o realizador tem para nos entregar.

“Vitalina Varela”, de Pedro Costa: um objecto cinematográfico sublime entre a vida e a morte - Comunidade de Cultura e Arte
É ao contemplar esta sucessão de admiráveis planos fixos que sentimos a desaceleração da câmara e a imobilização dos fotogramas, como se o cinema regressasse à fotografia e antes disso à pintura num exercício de imortalização das figuras como que apanhadas em permanente luta contra a morte.

filmografia

2019 Vitalina Varela
2014 Cavalo Dinheiro 
2012 Sweet Exorcist, Short In Centro Historico
2010 O Nosso Homem / Our Man (curta)
2009 Ne Change Rien
2007 The Rabbit Hunters, Short In Memories, Jeonju Digital Project
2007 Tarrafal, Short In O Estado Do Mundo / The State Of The World
2006 Juventude Em Marcha / Colossal Youth
2003 6 Bagatelas (curta)
2002 Onde Jaz O Teu Sorriso? / Où Gît Votre Sourire Enfoui? / Where Does Your Hidden Smile
Lie?
2001 Danièle Huillet, Jean-marie Straub, Cinéastes Episode Of The Collection Cinéastes, De
Notre Temps
2000 No Quarto Da Vanda / In Vanda's Room
1997 Ossos / Bones
1994 Casa De Lava
1990 O Sangue / Blood
1987 Cartas A Julia (curta)

festivais

Leopardo de Ouro e Prêmio de Melhor Atriz - Locarno International Film Festival 2019
Silver Hugo - prêmio do júri no Festival de Cinema de Chicago 2019
Grande prêmio do Festival de Cinema de La Roche-su-Yon 2019
Grand Prix Asturias - Melhor Filme e Melhor Fotografia no Gijón International Film Festival 2019 

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