Há cerca de 20 anos o diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul vem contribuindo para a arte do cinema ao realizar curtas, instalações audiovisuais e filmes de longa-metragem. Uma carreira marcada por sua originalidade, premiada e exibida tanto nos principais festivais de cinema quanto no circuito de arte contemporânea. Apichatpong Weerasethakul recebe agora, pela primeira vez, um livro sobre sua obra lançado em português. Parte da Coleção Oi Futuro de Arte e Tecnologia, em parceria com a Editora Iluminuras, o livro, que leva o nome do artista, pretende-se uma obra de referência sobre Apichatpong Weerasethakul, idealizado e produzido pela produtora cultural mineira Zeta Filmes.
No Brasil, Weerasethakul se tornou conhecido nos últimos 10 anos, mais precisamente quando seu filme Mal dos trópicos recebeu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, em 2004, e foi exibido no país nesse mesmo ano. Depois, o que se seguiu foram a presença de seus filmes nos principais festivais, retrospectivas e mostras dedicadas a sua obra, o que possibilitou ao público brasileiro uma revisão de seus primeiros filmes e o acompanhamento de sua trajetória.
Em 2012, Apichatpong faz a première de seu filme Hotel Mekong em uma exibição especial no Festival de Cannes. A partir do filme foi realizada uma exposição, que aconteceu no Oi Futuro de Belo Horizonte (de junho a setembro de 2013) e do Rio de Janeiro (de novembro de 2013 a fevereiro de 2014) que apresentava uma relação de Hotel Mekong com seus outros filmes: Cactus River (2012), Cinzas (2012), Uma carta para o tio Boonmee (2009), Vampiro (2008), Pessoas luminosas (2007), Esmeralda (2007) e O hino (2006). Essas exposições foram idealizadas e produzidas pela Zeta Filmes.
Resultado destas exposições realizadas no Brasil, mas indo além, o livro Apichatpong Weerasethakul para a Coleção Oi Futuro de Arte e Tecnologia apresenta registros das exposições, além de artigos de curadores e teóricos, do próprio artista e a sua filmografia.
O livro começa com o texto da curadora Francesca Azzi sobre os conceitos que nortearam a proposta da exposição realizada no Oi Futuro e sobre características que marcam a obra de Apichatpong. Do crítico e programador sênior da TIFF Cinematheque em Toronto, James Quandt, editor do livro sobre o artista para a coleção FilmmuseumSynemaPublikationen, do Austrian Film Museum, tivemos a permissão para publicar seu texto "Resistant to Bliss: Describing Apichatpong" (Resistente à felicidade: descrevendo Apichatpong), que trata dos filmes, curtas e instalações realizados por Apichatpong até 2009, além de duas entrevistas que Quandt fez com Apichatpong em 2005 ("Exquisite Corpus") e em 2008 ("Empurrar e puxar"). Já o critico americano Aaron Cutler, em parceria com a artista visual brasileira Mariana Shellard, escreve sobre os médias e longas-metragens de Apichatpong até Hotel Mekong (2012). O jornalista carioca Rodrigo Fonseca foi convidado a visitar a exposição no Oi Futuro, no Rio de Janeiro, e faz um texto sobre a presença do rio, das águas, no cinema do artista.
O livro apresenta também três artigos escritos por Apichatpong. No delicioso "Sombras e monstros", Weerasethakul escreve sobre suas memórias de infância, os pais, os fantasmas, o sexo e os medos. Em "A memória de Nabua" está o relato sobre seu (re)encontro com o nordeste da Tailândia – região em que já havia vivido mas da qual estava distanciado –, impulsionado pelo livro A Man Who Can Recall His Past Lives (Um homem que pode recordar suas vidas passadas), que deu origem ao projeto Primitive, que incluiu instalações, vídeos, o curta Carta para tio Boonmee e o longa premiado Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas. Já "Fantasmas na escuridão" é sobre o cinema, os primeiros filmes tailandeses que viu, os cinemas antigos, a memória cinematográfica que o formou.
O livro traz ainda a filmografia do artista, com sinopses e descrições de cerca de 34 filmes e curtas, além de uma seleção de instalações que Apichatpong realizou nos últimos 20 anos.
A Coleção Oi Futuro de Arte e Tecnologia chega em 2014 à marca dos 90 livros, consolidando uma iniciativa precursora e fundamental para a divulgação da tecnologia como ferramenta de produção artística. Os volumes são produzidos em parceria com editoras. São livros de arte e não meros catálogos e, alguns casos, vão além do registro das exposições, retratando toda a trajetória do artista. Com registros de importantes exposições realizadas pelo Oi Futuro, a coleção serve como fonte de conhecimento sobre a arte de nomes como Wally Salomão, Marcos Chaves, Adriana Varella, Carlos Vergara, Ivens Machado, Miguel Chevalier, Frederico Dalton, Sonia Andrade e Vicente de Mello,Pierre et Gilles, Tony Ousler, Neville D’Almeida, Leticia Parente, Ana Vitoria Mussi,Bill Lundberg, Regina Vater, Albano Afonso, entre outros.
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