Desde bem jovem, Merab treina dança tradicional georgiana no Georgian National Dance Ensemble com sua parceira Mary. Quando se junta ao grupo o carismático e descontraído bailarino Irakli, Merab se sente ameaçado, e também atraído, por aquele que se tornará uma fonte de rivalidade e desejo. Em um cenário conservador e tradicional, Merab terá que se libertar e impor sua identidade.
Roteiro: Levan Akin
Fotografia: Lisabi Fridell
Montagem: Levan Akin, Simon Carlgren
Som: Beso Kacharava
Música: Zviad Mgebry, Ben Wheeler
Produção: Mathilde Dedye, Ketie Danelia
Elenco: Levan Gelbakhiani, Ana Javakishvili, Bachi Valishvili
Título original: And Then We Danced
Levan Akin nasceu em 1979 em Estocolmo, na Suécia. Seus pais imigraram da Geórgia para Suécia nos anos 1970. Dirigiu os longas The Circle (2015), baseado no best-seller de Mats Strandberg e Sara Bergmark Elfgren; e Certain People que estreou o Festival de Cinema de Tribeca, em 2012. Também dirigiu várias séries para a TV sueca, especialmente Real Humans. Atualmente, escreve e dirige uma nova série para TV, intitulada Dough, prevista para estrear na primavera de 2021.
Data de lançamento: 19 de dezembro de 2019
Disponível no Looke
Na imprensa:
Levan Akin conta como a temática LGBTQ de 'E Então Nós Dançamos' virou motivo de contestação - por Luiz Carlos Merten no Estadão
Sexo transborda de dançarino gay no filme 'E Então Nós Dançamos' - por Teté Ribeiro na Folha de São Paulo
'E então nós dançamos' é um romance pop gay georgiano - por André Miranda no O Globo
"A dança é uma linguagem sensual por natureza, capaz de declarar eloquentemente as questões que percorrem a história" - por Neusa Barbosa no Cineweb
"E Então Nós Dançamos" não busca surpreender pelos rumos inesperados, apenas fornecer o reconforto emocional típico de jornadas de superação e autodescoberta - por Bruno Carmelo no Papo de Cinema
Filme exibido nas seguintes cidades: Niterói, Teresina, Goiânia, Jundiaí, São Paulo, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Aracaju, Curitiba, Fortaleza, Ribeirão Preto, e Brasília.
ENTREVISTA COM LEVAN AKIN
Você é de origem georgiana, mas vive na Suécia. Como este projeto se materializou?
Em 2013, quando testemunhei alguns jovens corajosos, que tentavam realizar uma parada de orgulho gay em Tbilisi, na Geórgia, serem atacados por uma multidão de milhares de pessoas organizada pela Igreja Ortodoxa, senti que tinha de abordar essa questão de alguma forma.
A fluidez e sensualidade da direção é bastante impressionante, você pode falar um pouco sobre a filmagem, houve desafios?
Foi a primeira vez que dirigi em georgiano e não sou fluente, além disso trabalhei com muitas pessoas, que não eram atores, em locais reais. O filme é todo baseado nas estórias reais que coletei e as coisas estavam em constante evolução. Então, a fase de pesquisa foi bem extensa; vivi bastante com os personagens principais e os filmei com minha própria câmera. Acho que é por isso que me aproximei tanto deles e me tornei tão íntimo. Não houve barreiras, nada foi forçado, foi tudo completamente natural.
Como foi a seleção do elenco? Você pode analisar os atores e dizer por que os escolheu?
Fiz muitas entrevistas durante a fase de pesquisa e conheci algumas das pessoas que estão no filme. A primeira vez que vi Levan Gelbakhiani, intérprete de Merab, foi no Instagram. Ele é um dançarino. Eu o fiz escrever sobre si mesmo para, depois, ler seus textos para mim sempre que nos encontrávamos. Lentamente, construímos uma relação de confiança e fui me inspirando na vida e no ambiente dele. Conheci Bachi Valishvili, intérprete de Irakli, durante o processo regular de seleção do elenco, quando o testamos juntamente com Merab. Houve uma química instantânea, além disso descobrimos que ele havia praticado dança georgiana por 7 anos!
Você volta à Geórgia com frequência? O que você acha da geração jovem que vive lá?
Com este projeto voltei muitas vezes. Na verdade, meus pais são parte da diáspora georgiana da Turquia e eu nasci na Suécia, então costumávamos ir muito à Tbilisi durante o período de crescimento da URSS. Desde então, já vi a Geórgia de muitas formas. A geração jovem atual é como qualquer outra de qualquer lugar do mundo, tudo é globalizado e eles crescem com a mesma cultura pop. Porém, na Geórgia, há uma grande divisão entre esta geração e a mais velha que viveu durante a URSS.
Você acha que, em todo o mundo, as pessoas estão ficando mais tolerantes em relação às questões de gênero e sexualidades?
Sim e não. Em diversos aspectos e em muitos países europeus, parece que estamos retrocedendo. Esta é apenas a minha análise, mas parece que, em todo o mundo os lados opostos estão se tornando mais severos em relação a esses tipos de perguntas.
Você pode nos contar um pouco mais sobre a tradicional cultura de dança georgiana retratada no filme? Qual a importância desta dança na cultura georgiana?
Ela tem um papel muito grande – todas as crianças da Geórgia frequentam aulas de dança desde muito cedo –, provavelmente tão importante quanto o karatê na cultura japonesa. A inclusão da dança georgiana aconteceu a partir de uma das entrevistas que fiz com um dançarino georgiano. Além disso, aprendi com minha própria família que a dança desempenha um papel fundamental na história e cultura georgiana. Justapor a dança tradicional com a “nova” dança da Geórgia foi uma escolha óbvia. No início, fomos bastante ingênuos e pedimos ao prestigioso Balé Nacional da Geórgia Sukhishvili que apoiasse o filme com bailarinos, etc. Eles prontamente nos disseram que não existia homossexualidade na dança da Geórgia e nos pediram para sair. O diretor do Balé convocou todos os outros grupos do país e os “alertou” sobre nós. Esta reunião inicial resultou numa grande sabotagem contra nós e tornou o nosso trabalho ainda mais difícil. Tivemos que trabalhar sob enorme sigilo e pressão. Havia inclusive seguranças no set.
Como foi realizar esta produção na Geórgia, considerando seus laços com o país e o fato de que sua principal experiência profissional é sueca?
Foi, com certeza, interessante. Percebi, finalmente, o quão sueco sou. Mas, certa vez, ao filmar tarde da noite, minha frieza escandinava falhou e a equipe adorou ver meu lado georgiano se revelar! Na Suécia, há uma cultura de consenso, mas na Geórgia a diferença de opiniões e o temperamento explosivo é a norma.
O filme é uma estória de amor universal, você pode falar um pouco sobre o equilíbrio entre este tema universal e aquilo que torna esta estória ao mesmo tempo tão diferente de tudo que já vimos?
Para mim, é muito frágil a situação na qual a Geórgia e outros antigos países da URSS se encontram no momento. Todos eles são realmente países singulares, claro, mas os sólidos valores tradicionais da Geórgia desempenham um papel importante nesta situação atual. Os valores ocidentais são considerados uma ameaça aos antigos costumes georgianos. Além disso, manter a identidade cultural transforma-se numa questão de sobrevivência para um país que foi conquistado repetidamente ao longo dos séculos. A língua georgiana, o antigo alfabeto, a cultura do vinho e a cultura gastronômica, entre outros, são extremamente importantes para eles. Com este filme, tento mostrar que mesmo que alguém se abra e escolha um caminho diferente ainda é possível manter suas tradições.
2019 And The We Danced
2015 Cirkeln
2011 Katinkas kalas
2008 De sista sakerna (curta)
Indicado da Suécia a categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2020
Cannes 2019 - Quinzaine des Réalisateurs
Odessa International Film Festival 2019 (Grand Prix do Juri, Competição Internacional e Melhor Ator)
Sarajevo Film Festival 2019 (Melhor Ator)
Chicago International Film Festival 2019 (Prêmio Gold Q-Hugo).